22 de dez. de 2009

Refugiados ambientais de Kiribati


"Praticamente todos os 92 mil habitantes do arquipélago de Kiribati, formado por 33 ilhas no oceano Pacífico, vivem a no máximo 1 quilômetro do mar. O ponto mais alto do país fica quatro metros acima da água. Por isso, é uma das nações que correm risco de desaparecer como consequência do aquecimento global.
O governo já está considerando a possibilidade de realocar a população. O presidente, Anote Tong, pediu ajuda aos países desenvolvidos para ajudar a evacuar a população. Diz que não está sendo pessimista, apenas realista. Segundo ele, seu dever como presidente é fornecer opções aos moradores e evitar que eles sejam considerados refugiados caso tenham de abandonar as ilhas em razão da elevação do nível do mar. “Nós seremos refugiados se não fizermos nada”.
Não por acaso, durante a conferência do clima, em Copenhague, Kiribati e outros países insulares também ameaçados, como Maldivas e Tuvalu, organizaram-se para pressionar os países industrializados a diminuir suas emissões de CO2.
Kiribati não dispõe de muitos recursos naturais. As reservas comercialmente viáveis de fosfato foram esgotadas antes mesmo de obter a independência da Inglaterra, em 1979. Desde então, as exportações se concentram em pesca, algas marinhas e derivados de coco. O turismo também ocupa um papel importante na economia — atraiu 3 mil visitantes em 2008 e representa um quinto do PIB de US$ 580 milhões.
Apesar de ser um dos países com menor participação nas emissões mundiais, o arquipélago será um dos mais afetados pelo aquecimento global. De acordo com estimativa de 2006 do Carbon Dioxide Information Analysis Center, num ranking de 210 nações e territórios Kiribati é o 34º que menos emitiu gás carbônico por habitante: 0,31 tonelada per capita. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número é 60 vezes maior (18,9 toneladas). No mesmo ano, o Brasil emitiu 1,8 tonelada por habitante.
Apesar de alguns especialistas negarem os efeitos do aquecimento global, para a população de Kiribati as mudanças já estão bem visíveis. No vídeo abaixo, Takaare Tebuaka, morador da ilha, mostra o lugar onde ficava sua casa dez anos atrás, hoje totalmente ocupado pelo mar. “Nossa casa desapareceu por causa da erosão”, afirma. Os moradores são obrigados a reconstruir suas moradias constantemente, para fugir do avanço do mar".

Fonte e imagem: PNUD