1 de out. de 2010

Acesso à água


"Estudo publicado na revista científica Nature indica que 80% da população mundial vive em áreas em que o abastecimento de água potável não é assegurado. De acordo o estudo, cerca de 3,4 bilhões de pessoas enfrentam as piores ameaças.
Segundo os pesquisadores, o hábito ocidental de conservar água para suas populações em reservatórios funciona para as pessoas, mas não para a natureza. Para os cientistas, os países em desenvolvimento não devem seguir esse caminho, mas investir em estratégias de gerenciamento hídrico que mesclem infra-estrutura com opções naturais, como bacias hidrográficas e pântanos.
Os cientistas prevêem uma piora do cenário nos próximos anos com o aumento da população e as mudanças climáticas. “O que mapeamos foi um padrão de ameaças em todo o planeta, apesar dos trilhões de dólares gastos em engenharias paliativas”, disse o responsável pelo estudo Charles Vorosmarty, do City College de Nova York, referindo-se a represas, canais e aquedutos usados para assegurar o abastecimento de cidades. No mapa das ameaças ao abastecimento, parte da Europa e da América do Norte aparecem em condições ruins.
Mas quando o impacto da infra-estrutura criada para distribuir e conservar a água é adicionado, as ameaças desaparecem destas regiões, à exceção da África, que parece estar rumando para a direção oposta. “O problema é que sabemos que uma fatia enorme da população mundial não pode pagar por estes investimentos”, disse Peter McIntyre, da Universidade de Wisconsin, que também participou da pesquisa. “Na verdade, estes investimentos beneficiam menos de um bilhão de pessoas, o que significa que excluímos a grande maioria da população mundial”, disse ele.
Mesmo em países ricos, esta não é a opção mais inteligente. Poderíamos continuar a construir mais represas ou explorar mais fundo o subterrâneo, mas, mesmo se tivermos dinheiro para isso, não é uma saída eficiente em termos de custo”, afirmou McIntyre.
 Os pesquisadores criticaram a forma como a água foi tratada no ocidente. Um exemplo citado é o abastecimento de água da cidade de Nova York, feito por fontes nas montanhas de Catskill. Essas águas historicamente não precisavam de filtragem até a década de 1990, quando a poluição “agricultural” mudou o cenário. A solução adotada, dizem, um programa de conservação de terras, se provou mais barata do que a alternativa de construção de unidades de tratamento. Para os pesquisadores, países desenvolvidos e os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) não conseguirão investir em infra-estrutura de abstecimento os US$ 800 bilhões que o estudo julga necessários até 2015."

Notícia e imagem publicadas pela Redação Sociedade Sustentável em 30.09.2010 

Link para o artigo "Global threats to human water security and river biodiversity", publicado pela Nature.